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Benjamin Netanyahu e David M. Friedman. (Foto: Menahem Kahana/AFP) |
Segundo uma longa reportagem
do jornal The New York Times, no dia seguinte à inauguração da embaixada dos
Estados Unidos em Jerusalém, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu,
convocou líderes evangélicos para falar sobre os próximos países a fazerem o
mesmo.
Em uma sala de conferência,
Netanyahu agradeceu o pequeno grupo de pastores e ativistas proeminentes por
intercederem junto ao presidente Donald Trump para realocar a embaixada o mais
cedo possível.
Ainda segundo o jornal,
Netanyahu queria saber qual embaixada seria a próxima. Listando países onde
havia fortes igrejas evangélicas, lembrou que Guatemala, Paraguai e Honduras já
haviam decidido pela mudança de suas embaixadas. Os próximos a serem tentados
seriam Brasil e Índia.
“O primeiro-ministro estava
muito animado com as possibilidades”, afirma Mario Bramnick, pastor cubano,
líder do ministério Coalizão de Latinos por Israel e parte do seleto grupo de
pastores que ora periodicamente com Trump na Casa Branca.
Embora o Israel moderno
sempre tenha dependido do apoio da diáspora judaica, o governo de Netanyahu fez
uma mudança histórica e estratégica, aproximando-se de líderes cristãos
evangélicos, mesmo correndo o risco de afastar judeus americanos que se incomodam
com as declarações de pastores evangélicos que “difamam a sua fé”.
O movimento calculado de
Netanyahu refletiu-se na presença de dois pastores conhecidos pela sua defesa
de Israel, que fizeram orações durante a inauguração da embaixada americana. As
imagens foram repercutidas em todo o mundo.
O primeiro a falar foi
Robert Jeffress, da Primeira Igreja Batista de Dallas. Lembrando profecias
bíblicas sobre o renascimento de Israel, e encerrou dizendo “em nome do
Príncipe da Paz, o nosso Senhor Jesus Cristo”.
As câmeras mostraram
Netanyahu batendo palmas após a fala, o que incomodou líderes como rabino
Yechiel Eckstein, fundador da Fraternidade Internacional de Cristãos e Judeus.
Ele considerou que, dado o contexto, era algo “inapropriado”.
O ministério de John Hagee,
pastor que fez a oração final, anualmente arrecada milhões de dólares e doa
para governo de Israel, por exemplo, ambulâncias e equipamento hospitalar. Ao
Times, afirmou: “Conheço o primeiro-ministro Netanyahu há muitos anos e tenho
orgulho de chamá-lo de amigo. Em muitos aspectos, ele é o Churchill de nosso
tempo”.
Apesar das históricas
diferenças, muitos judeus acreditam que esse apoio dos evangélicos é bem-vindo.
David M. Friedman, embaixador dos EUA em Israel, disse que os evangélicos “apoiam
Israel com muito mais fervor e devoção que muitos dentre a comunidade judaica”.
O diplomata afirmou que esse
apoio a Israel é importante: “Precisamos de amigos e precisamos de alianças”.
Foi de Friedman a decisão de convidar Jeffress e Hagee. “Eles são dois dos
líderes mais influentes da comunidade evangélica americana, e eu queria honrar
essa comunidade por ser tão veemente em seu apoio a nós”.
Já Ron Dermer, o embaixador
israelense nos EUA, que participa regularmente de eventos onde recebe o apoio
evangélico, disse que os “cristãos devotos” hoje em dia são a “espinha dorsal”
do apoio a Israel. Ele insiste que isso não significa que Israel está ignorando
o apoio dos judeus liberais. “Você poderia dizer que há uma mudança aqui ou
ali, mas, obviamente, para nós, é importante termos um forte apoio que seja
muito amplo. Afinal, não se pode pilotar um avião só com uma asa.”
Melhores amigos
Em todo o mundo, o número de
evangélicos é estimado em 600 milhões, e esse número continua crescendo em
países latino-americanos e africanos. Os judeus, segundo reconhece o governo
israelense são 23 milhões, sendo que 17 milhões vivem fora de Israel.
O relacionamento de
Netanyahu com os cristãos conservadores é muito mais forte que com qualquer
outro grupo fora de Israel. O rabino Eckstein entende que o premiê é muito mais
popular entre os evangélicos do que qualquer outro primeiro-ministro israelense
já foi.
“Ele fala a língua deles”,
disse o rabino. “Ele sente-se confortável no meio eles e retribuiu esse amor”.
Em diferentes ocasiões, o
primeiro ministro já expressou essa boa relação. Falando a um grupo e líderes e
líderes evangélicos durante visita à África, foi enfático: “Não temos melhores
amigos no mundo. Ninguém! Agradecemos essa amizade”.
Todos os anos ele grava mensagem
desejando um “Feliz Natal” e no final do ano passado pediu orações pelos
cristãos perseguidos.
Fonte: Notícias Gospel Prime